sexta-feira, 12 de abril de 2013

Complexidade do plágio

Esta matéria publicada ontem (11/04/13) no jornal espanhol "El Huffington Post" demonstra um pouco da complexidade que permeia o plágio acadêmico e a decorrente falta de clareza que isto pode implicar em algumas abordagens. Neste caso, a matéria do advogado analisa o plágio sob o viés do direito o que no âmbito acadêmico é uma noção insuficiente para a compreensão da extensão do problema. Basta pensar por exemplo que o autoplágio (copiar de si mesmo) e o conluio (usar trabalho feito e cedido por amigo ou comprado) do ponto de vista jurídico não tem nenhuma implicação pois em ambos estes casos o autor não pode e nem se sente parte lesada e assim poderia requerer proteção dos Direitos Autorais. Contudo, estes procedimentos são considerados plágio e passíveis de punições acadêmicas porque caracterizam FRAUDE intelectual. A edificação do conhecimento é algo que se constrói progressivamente, avançando e adicionando-se novas contribuições, daí ser inadmissível o autoplágio; por outro lado, para o estudante em formação, a suposição de que os trabalhos acadêmicos entregues foram feitos originalmente por ele são meio e condição de avaliação do andamento e do nível de sua aprendizagem acadêmica, o que fica dissimulado quando um aluno usa um trabalho feito por um amigo ou compra de terceiros mas apresenta como próprio. Nestes casos não há nenhum problema de direitos autorais, juridicamente, poder-se-ia falar em falsidade ideológica... Mas academicamente, não é isto que interessa! É uma questão de princípios éticos, mais do que de regras jurídicas pois a integridade científica é o "santo graal" da ciência; algo que no âmbito científico é nobre, defendido e preservado como um dogma que não se limita às leis. p.s. Outro exemplo de texto equivocado sobre o que caracteriza o plágio no âmbito acadêmico é este aqui.

Um comentário:

  1. Oi Prof. Marcelo:

    Gostei muito do seu comentário.

    Realmente, nas escolas e universidades devem imperar os processos de ensino-aprendizagem e não a punição ou a criminalização do aprendizado.

    Errar faz parte deste processo e alunos vão sim cometer plágio muitas vezes antes de acertar as referências bibliográficas.

    A sala de aula tem esta obrigação e isso é justamente o lugar de errar bastante, refazer trabalhos, levar "puxão de orelha" porque está colocando nome em trabalho que não fez, tirar zero em trabalho comprado, etc.

    Porque na sala de aula isso é uma oportunidade de aprendizado.

    Já no mercado de trabalho, é processo, multa e perda do trabalho plagiado (independentemente se foi uma postagem em um site pessoal ou se foi uma tese de doutorado).

    Logo, o letramento acadêmico urge não somente nas universidades mas também na Educação Básica.

    Abraços,

    Alessandra Belo
    www.foiplagio.blogspot.com

    ResponderExcluir